fgc

Muitas decisões financeiras são tomadas com base na Garantia do FCG.

O FGC é uma Propaganda muito eficaz na hora de te “venderem”, por exemplo, um CDB de um banco qualquer. Aliás, a tal segurança torna a venda mais rápida, não é? Vendas geram comissões. Vendas rápidas, comissões rápidas. Gostaria de te esclarecer alguns pontos, levar você a refletir e te ajudar a tomar decisões com mais informação.

A compra (ou não) de um ativo financeiro não deveria levar em conta a garantida do FGC como um diferencial decisor.

Primeiramente, o que é FGC:

Fundo Garantidor de Créditos é uma associação civil criada por bancos e financeiras do Sistema Financeiro Nacional, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica de direito privado, que tem como objetivo proteger o poupador de eventuais riscos que as instituições possam trazer para o seu patrimônio.

É a instituição responsável por ressarcir os investidores se um banco emissor de títulos privados (ex.: LCI, LCA, CDB, poupança...) quebrar ou der calote.

A garantia oferecida pelo FGC é, atualmente, limitada ao valor de R$ 250 mil por CPF e por grupo financeiro. Podendo chegar a 1M protegidos em instituições diferentes dentro do prazo de 4 anos.

Então qual é o ponto para reflexão? Eu quero detalhar um pouco a vocês as GARANTIAS oferecidas pelo FCG. Vamos aos números:

No último relatório divulgado no site do FGC, em dezembro de 2020, o patrimônio do fundo era de R$ 85,4 bilhões. Suficiente?

Segundo o censo mensal, que considera as informações recebidas pelo FGC das instituições associadas, os depósitos elegíveis à garantia totalizavam na mesma data R$ 1,7 trilhão. Vinte vezes mais.

Em uma conta rápida, percebemos que o FCG consegue honrar com apenas 5% do valor total prometido.

Tá bom Dione, mas nenhuma Seguradora, por exemplo, tem o valor necessário para pagar todo o capital de apólices por ela coberto. Não é a mesma coisa? É verdade! Porém, as seguradoras lidam com um coletivo grande de riscos individuais pequenos, enquanto o FCG lida com poucos riscos coletivos grandes.... A base de clientes de qualquer seguradora é grande o suficiente para diluir o impacto dos seus sinistros individuais. Já o impacto de algum banco recorrer ao FGC abala as contas do fundo. O banco não quebra pela metade, nem só para alguns clientes. Quebra por inteiro. Dependendo do banco, este abalo é catastrófico. Dependendo da causa por trás desta ruptura, o abalo no saldo do fundo é alarmante.

Minha função aqui não é ser advogada do diabo e sim, levar informação para o investidor.

Não porque eu não ache o FGC seguro, mas porque eu não trato o investidor como ignorante. Acredito que você tem que ter 100% de ciência dos riscos que corre. Eu prefiro tornar as decisões mais difíceis e dormir tranquila do que ocultar informações e poder não conseguir dormir no futuro.

Vamos aos exemplos. Os 5 maiores bancos brasileiros (Brasil, Itaú, Santander, Bradesco e Caixa) representam mais de 85% dos investimentos garantidos pelo FGC. São pesados. Logo, se qualquer um deles quebrar, o FCG não aguentaria. O menor deles já representa quase o triplo do peso que o FGC suportaria. Quando usamos um colete salva-vidas, esperamos que ele suporte nosso peso, certo? E Tirando os 5 maiores bancos, temos quase 15% do sistema. Os 5% de capacidade do FGC também não supriria.

Bancos pequenos são mais frágeis e, se um quebrar por problemas externos (macroeconômicos), podemos preparar o túmulo dos próximos.

Sendo assim, não é verdade que o FGC terá problemas apenas se um dos 5 maiores bancos brasileiros quebrar.

Isso é fácil de acontecer? NÃO! Principalmente em uma época de crescimento econômico.

Bancos são bem auditados e supervisionados. Isso me deixa mais tranquila do que apostar 100% das fichas no FGC. Mas falhas de gestão podem ocorrer, como já ocorreram recentemente em nossa história. Nos últimos 25 anos, mais de 20 bancos quebraram no Brasil.

Durante a crise do Subprime americano (2008), cerca de 6% do sistema financeiro americano quebrou. O quarto maior banco americano, o Lehman Brothers quebrou! O FDIC (FGC americano) não aguento e não funcionou.

A diferença entre o sistema americano e o brasileiro é que o FDIC é do governo (Americano!), enquanto o FGC é privado. O governo americano resgatou o FDIC durante a crise.

O que eu quero deixar claro é que eventualidades acontecem.

Em um momento de crise, é possível um percentual maior do sistema precisar de ajuda. O grande problema é que nunca sabemos quando uma grande crise virá. E se você investiu em um CDB ou qualquer outro título garantido você não necessariamente vai conseguir se proteger da crise resgatando seu dinheiro.

E, por último, investidores comuns, pequenos, pessoa física, ficam no final da fila em caso de ajuda do FGC. Sabia? Assunto para um próximo post!

Reforço que a ideia aqui não é ser alarmista. Mas é SIM mostrar um panorama mais amplo, para que então você, munido de mais informações, tome suas decisões financeiras de forma melhor. E se quem te garantiu que o FGC é 100% não souber metade das informações que citei aqui, melhor repensar também se ele(a) merece te atender.


fgcfundo garantido de créditoinvestimento